De eleitor para eleitor


     Pois bem, aqui vai mais um texto sobre eleições, dos tantos que surgem por aí, mas este não é só mais um texto, com verborragias exibicionistas de alguém metido a cientista político, falo como um cidadão comum que sou. Não escolhi estar nessa posição, como provavelmente 99,9% dos brasileiros, que nascemos nesse país, onde o voto é obrigatório, o sistema democrático é novo e frágil, as instituições não possuem tanta credibilidade e aprendemos desde cedo a desacreditar da política. 
         


     Politica para a maioria de nós, é sinônimo de canseira, papo chato, conversa de gente que quer se entrometer na vida dos outros de alguma forma, associada a futebol e religião, forma a tríade dos assuntos polêmicos dos quais aprendemos que “não devemos discutir pra não gerar conflito”, acontece que política é o meio mais avançado pelo qual o ser humano consegue exatamente se organizar e resolver seus conflitos de interesse através de modos civilizados de expor opinião, defender pontos de vista e aceitar as diferenças com os outros, não como inimigos, mas como debatedores que chegam no bem comum, e essa é a palavra pela qual devamos nos orientar para de uma vez por todas reavivar nossa consciência política: O bem comum. 

         O bem comum, é o ideal que permeia todo espectro das discussões políticas, alguns dizem saber mais do bem comum do que outros, outros querem empurrar o bem comum guela abaixo, e outros nem se dão o trabalho de fingir que não se importam com o bem comum. Mas o fato é: vivemos em um momento no país em que as divisões são bem claras, as pessoas estão aprendendo a defender seu ponto de vista mais do que nunca, estão terminando relacionamentos, afastando de amizades, mudando o circulo social só por conta de divergência política e isso é legal, consciência política é muito boa, pessoas que se inteiram mais dos assuntos relativos ao que nos governa como sociedade é muito bom, porém deveríamos já estar tão dispostos a chegar no bem comum como estamos para nos apegar aos nossos ideais e ideologias. O fim original da política é o acordo, o bom censo, a base da política é ceder espaço para que o outro assim como eu não tenha direitos suprimidos. 



Com isso não quero dizer que o ideal de um país consciente politicamente, são pessoas passivas que aceitam o acordo a qualquer preço, mas o ideal de um país com consciência política é um país onde as pessoas deixem o personalismo político de lado e entendam que vira e meche os jogadores mudam, mas o jogo permanece o mesmo pois as regras que ditam o jogo político devem ser mudadas. Assim como mostra no filme tropa de elite, do diretor José Padilha, o que determina as mudanças nos quadros sociais vigentes é a identificação do real inimigo, que em sua maioria das vezes não é uma pessoa ou um grupo de pessoas, mas sim um sistema falido, viciado que traga aqueles a quem seduzem melhor, onde vale tudo pelo poder. 
        Mas voltando a minha fala como cidadão comum que sou, porque somos tão desacreditados e desinteressados em política? Eu ouso responder porque a política pra nós não tem o significado que ela deveria ter, de cumprir o papel representativo de toda uma variedade nacional. Começando pelos partidos, quem se importa com um partido, são poucos os partidos que de fato representam uma causa com a qual o povo se identifica, em sua maioria são balcões de negócios onde o interesse comum é posto em segundo plano, em detrimento de cargos e propinas. 
     
      O que dizer de um país em que as “minorias” são na verdade, a maioria da população, e tratada com esmolas e “favores” que na verdade são direitos fundamentais como a liberdade, educação e cidadania. Os partidos tem a cara de um homem branco e velho de terno caro, falando em nome de um povo que não conhece, e o povo aceita viver em ritmo de manada, aceitando o primeiro berrante que toca mais alto, a verdadeira vida de gado que cantou o ilustre Zé Ramalho.
     Para se ter uma ideia, 72% dos membros do senado federal são integrantes de uma família já tradicional na política, e 62% do congresso nacional também é formado por membros de famílias favorecidas que se perpetuam no poder, com o consentimento de um curral eleitoral, formam uma nobreza que se apropria do que deveria ser a democracia com alternância no poder, alta representatividade e diversificação, assim como é diversificado o país. 

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