Mudanças na rota da vida (texto antigo)
Goiânia/ 2015
Terminei com entusiasmo e um pouco de orgulho, o curso pastoral da Igreja Evangélica que passei a frequentar a exatos 7 anos atrás. Em um período de acontecimentos muito marcantes em minha existência, principalmente o falecimento da minha mãe Hulda Oliveira Ferreira no dia 17 de Março de 2009 por volta das 05:00 da manhã. Já tinha perdido em 2006 o meu Pai para o vício da bebida alcoólica antes de entrar em um mundo de revolta contra o que a vida me proporcionara fui adotado pela Igreja, pessoas de bom coração me acolheram e me ensinaram que existe um caminho melhor onde a gratidão e a fé sempre tem espaço para o viver de uma vida que valha a pena.
Me envolvi pra valer e no ano de 2008 no mês de novembro no dia 30 eu me batizei na Igreja evangélica Videira, voltando de um encontro em uma chácara, um culto especial para o prédio abarrotado de pessoas. Embora já tenha tido um histórico de certa piedade, pois tinha sido batizado na Igreja Católica. Foi na Igreja Videira que aprendi muito sobre a vida, de lá retirei princípios de vida que levarei comigo para sempre. Com pouco mais de 14 anos, me envolvi na Igreja no ministério de Adolescente, então liderado pelo pastor José Carlos de Assis Melo Júnior que era uma espécie de pop star entre os coleguinhas, o víamos como alguém a ser imitado e admirado. Em seu modo de vestir, seu modo de falar, seu modo de liderar e de pregar.
Realmente a Igreja Videira de Goiânia teve um Bum de jovens sob a liderança do Pastor José Carlos juntamente com os demais pastor como o Pastor Naor Pedroza, então idealizador do Radicais Livres. E eu como uma quantidade significativa dos meus colegas de infância se envolveu de cabeça na chamada vida da Igreja.
Comecei a participar de célula, depois passei a ser um líder em treinamento, tudo era novo para mim, cada coisa que eu aprendia era sobremodo maravilhoso, eu sentia-me como em processo de evolução. Me sentia forte espiritualmente e convicto de todas as palavras que recebia todos os domingos. E a fome de saber mais das coisas de Deus era tão grande que chegava no domingo a noite depois de um culto e ia ouvir palavras pregadas na rádio. Tão empolgado como era o pastor em cima do tablado onde fica o altar, eu e meus colegas só tinhamos em mente o chamado que cada um teria. Nossa igreja como apostólica e missionária, estava dando início à grande façanha de implantar igrejas em vários lugares do Brasil e do mundo. E nesse contexto o que me emocionava era a possibilidade de me tornar um pastor de almas, ser um pregador reconhecido, ser um homem de Deus admirável que escreve livros e abre igrejas pelo mundo.
Me envolvi pra valer no ministério, fui líder de célula, participei de vários eventos evangelísticos, várias conferências, vários encontros, vários seminários, várias palavras. Logo levantei outro jovens ao meu lado para serem como eu e assim me tornei líder de líderes, chamado discipulador na Igreja, uma posição privilegiada até, pois entre os que não eram pastores, eram os que tinham o maior reconhecimento diante da congregação. O discipulador, a função que eu exercia, era a mesma coisa que o pastor fazia, só que de graça. Fazia a organização e a mobilização para eventos e mais eventos dentro da programação idealizada a priori pelos pastores, e quando sobrava tempo, eu poderia pensar em fazer os eventos conforme a minha idealização, mas também gerava custo para mim e consequentemente meus demais liderados. Como eu era um discipulador de adolescentes, eram poucos os que podiam colaborar comigo, sempre faltava recurso para fazer os passeios, festas, comunhões e etc. Mas não deixei de fazer assim como outros companheiros discipuladores que andavam comigo e em outros discipulados.
O fato de sentir que estava sendo útil a um propósito maior, me encheu de alegria e entusiasmo no começo, mas logo que as coisas caíam na rotina, era necessário um evento onde pudesse haver o reconhecimento do meu trabalho para que eu seguisse mais motivado, embora a nossa pregação sempre foi que o que nos deve motivar é o Senhor Deus, não tinha como trabalhar sem ser reconhecido. Como eu disse, estava em um mundo onde o sonho dos meus amigos era de tornar-se pastor e dos grandes, como aqueles famosos. O Brasil desde a década de 80 vem sofrendo um bum de crescimento do público evangélico neo pentecostal. E nessa onda estava eu.
Por fim, em 2012, um ano após concluir o ensino médio, agoniado e preocupado com o rumo que tomaria na vida, fui seduzido a fazer uma viajem missionária para o Rio Grande do Sul, para onde o admirado Pastor José Carlos seria enviado. Juntei grana com um trabalho e consórcio que minha tia me incluiu, acabei indo na viajem em 14 de dezembro de 2012 juntamente com mais 40 irmãos dentro de um ônibus de viajem. Outras pessoas se uniriam a nós além de Goiânia, também da cidade de Palmas e da cidade de São Paulo. Lá fizemos uma missão de evangelização bem intensa, foi maravilhoso, foi legal que aprendi um pouco mais, conheci muita coisa legal e tivemos momentos espirituais fortes onde foi colocado em mim uma convicção do chamado pastoral. Decidi entrar na primeira turma especial de Porto Alegre, mas quando voltei a Goiânia acabei achando melhor ficar por aqui, por causa de vários fatores e principalmente da minha vovó materna Josefina que estava bem velha e eu não queria ficar longe dela, mas também não queria deixar de fazer faculdade, já que tinha em preparado para o vestibular em Goiânia.
Por fim decidi entrar no seminário da turma especial de Goiânia, pois estaria vivendo com minha família, mas de imediato fui tomado por uma notícia, junto com vários amigos que decidiram fazer o mesmo, que não poderia mais morar em minha casa, porque a partir daquela turma, não poderia mais morar em outra casa que não fosse a casa da própria Igreja, situada nas imediações da Igreja Videira do Setor Bueno, onde a gente passaria a morar, estudar e trabalhar, além de congregar como membros em seus respectivos prédios.
Já estava envolvido 100% na vida da Igreja, assim como eu queria, me doeu muito ter que renunciar o curso de Matemática para o qual eu havia sido aprovado na Universidade Federal de Goiás, já que não poderia também fazer outro curso além daquele para o qual eu estava entrando. Outra regra bem marcante foi o fato de não poder se relacionar de nenhuma forma antes de terminar o primeiro ano, e não se casar antes de terminar o curso. Toda Igreja foi pega de surpresa e houve muita brincadeira com o fato de entrarmos nessa turma com essas novas regras.
O tempo se passou, se pudesse escrever um livro sobre como foi a trajetória dentro do curso eu escreveria mais de 3. Mas após o término do curso, tive mais clareza do que realmente queria, na verdade muito romantismo foi tirado, e isso foi bom de certa forma, aconteceram desilusões com a estrutura, com os homens que governavam a Igreja, alguns pastores, e com muitos funcionário. Mas houve aprendizado, houve crescimento, houve experiências e muitos bons exemplos a serem seguidos de verdadeiros homens de Deus. Isso já era de se imaginar, pelo fato de nenhum lugar com seres humanos ser perfeito.
Ao fim do curso, decidi não continuar na igreja como um funcionário, como foi proposto pelos pastores de governo. Pelos fatores de não pensar em ser ordenado pastor por enquanto, e que nem poderia porque estava solteiro e não tinha nenhuma autoridade como título ou requisitos gerais para ser um obreiro. Meu discipulado havia sido quase dissolvido depois de dois anos de seminário, pois como estava envolvido com a estrutura, quase não sobrava tempo para acompanhar os adolescentes que eu discipulava. Tinha feito o enem no ano anterior e consegui entrar para o curso de bacharelado em história na universidade federal de goiás como eu tanto queria.
Fiquei um período desempregado, pois decidi sair do trabalho que tinha na secretaria geral da Igreja, mas logo entrei na Embratel, no dia 18 de Março, 4 dias após completar 21 anos. Foi uma nova experiência, nunca me imaginei trabalhando como Call Center, aprendi bastante, e o emprego foi bom pela flexibilidade com a faculdade, que eu cursava na parte da manhã e trabalhava apenas na parte da tarde/noite. Na Embratel conheci uma moça com quem comecei a namorar, no treinamento nos tornamos muito amigos e depois de a convidar para o cinema, nos beijamos e a partir daí estamos a cada dia em um relacionamento forte e firme. Foi a melhor coisa que me aconteceu naquele emprego, foi ter encontrado essa mulher que tanto tem me trazido alegria ao coração. Menos de dois meses se passaram e acabei sendo demitido da empresa, junto com um grupo de pessoas. Fui pego de surpresa.
Havia rejeitado uma proposta de emprego, de vendedor de produtos para posto de gasolina, poderia até ganhar um salário acima de R$ 2.000, mas priorizei a faculdade, e acabei entrando no emprego de Call Center na Claro.
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