Jornada de Bike Uruguai 2020 - Parte I

               Jornada bike Uruguai - Parte I

Prelúdio
    Desde quando cheguei em Pelotas, cidade mais ao Sul do estado do Rio Grande do Sul meu amigo Paulo falava de pegar uma bike e rodar por aí, falávamos disso com algo distante, daquelas coisas a serem realizadas um dia, não num tempo próximo. Afinal uma viagem exige grana, tempo, condição física entre outras coisas que sempre julguei não ter, ainda mais nesse tempo de faculdade. Acontece que nossa visão vai mudando durante os dias, aquilo que era tão difícil nos parece mais palpável, mais realizável e uma trip de biscicleta nas férias deixou de ser uma utopia é se tornou uma ideia totalmente possível quando me vi decidido a sair do estágio que eu fazia no Banco, embora seja bem remunerado, não me sentia bem, me sentia literalmente gastando meu tempo com algo que não tinha a ver comigo. 

     A decisão de sair do banco veio junto com a ideia maluca de ir até Montevidéu de bicicleta, um país pequeno e próximo de onde moramos, na noite de 24 de dezembro de 2019 enquanto passávamos pela primeira vez a noite de Natal longe de nossos amigos e familiares decidimos que nossa viagem iria acontecer, nessa noite peguei uma cartolina velha e desenhei o mapa do Rio Grande do Sul com o Uruguai, traçamos uma rota a grosso modo saindo de Pelotas passando por Jaguarão e indo até Montevidéu, pensamos nas datas, pois eu queria me organizar, ficar no trabalho até início de março para junta a grana necessária, era o plano perfeito. Feliz por ter tido 100% de aproveitamento nas disciplinas que cursei em 2019, julguei que 2020 seria de fato o ano de dedicação às atividades acadêmicas. Acontece que mal o ano se iniciou e tive uma surpresa na segunda feira dia 06 de janeiro de 2020, um dos gerentes de mercado da agência que eu trabalhava me avisou que não teria mais contrato de estágio com o Banco, foi uma mistura de surpresa alegre e triste, porque eu já queria sair, mas não naquele momento, mas já esperava, acredito que Deus separa nosso tempo em cada lugar, ele abre e fecha portas, meu tempo no Banco se encerrou e no mesmo dia assim que abri o email ao chegar em casa tinha se aberto uma outra porta para mim, exatamente como eu queria, um professor do departamento de economia me ofereceu a vaga para a bolsa de pesquisa na Universidade, fiquei tão feliz, pensava que estava desamparado, mas tudo se encaixou de uma maneira linda. 


Diante disso, eu e o Paulo adiantamos a previsão da viagem, para não atrapalhar o início das aulas em Março e nem o período de matrículas em fevereiro, que foi alterada duas vezes ainda. De início planejamos sair na última semana de fevereiro e voltar na segunda semana de março, perdendo uma semana de aula, a primeira, até o Martem se animou colar com a gente, mas desistiu porque de fato marcamos a viajem pro meio do mês de fevereiro de 2020 e ele tava de viagem marcada pro Rio de Janeiro. 


      Começamos a preparação, sem grana no bolso fiz várias corrida de Uber eats, esperei uns resquícios de salário dos dias trabalhados no estágio e tinha também uma graninha espalhada por aí, na mão de algum amigo. Fizemos vendas pela internet de bebidas importadas, compradas na fronteira. Economizamos da maneira que pudemos. Com a data estabelecida de 19 de fevereiro a 06 de março já tínhamos um projeto em cima do que trabalhar, com prazos e metas. 

Comecei olhando os preços das passagens e os horários do busão de Pelotas até o Chuí, pois consideramos mais interessante começar a pedalada a partir da fronteira. A passagem é pela empresa de ônibus gaúcha embaixador, que faz a linha de Pelotas ao Chuí em três horários: 09:00, 13:00  e 18:30 saindo de uma rua atrás do IF de Pelotas, bem próximo da nossa casa no centro. Outra etapa foi a adaptação de nossos camelos, no meu caso tive que investir pesado pra colocar uma garupa, comprei uns acessórios de sinalização, suporte de água, descanso pra bike, que o Joaquim da biscicletaria da Av. Duque de Caxias me quebrou o galho. Comprei umas coisas na agência popular, um senhor ar vende peças de bike num preço bem mais em conta. Essas coisas de bike tem tem umas variação de preço e qualidade bem grande. Vimos um senhor usando uma caixa de verdura acoplada na garupa quando estávamos na oficina e decidimos aderir a ideia, para dar mais espaço a nossas muambas. Compramos cestinhas de colocar na frente, ou seja, adaptamos ao máximo para caber nossas coisas, que se resumem a:

- Comida, para fazer na estrada,
- Itens de cozinha,
- Fogãozinho caseiro, 
-  Nossas águas 
- Roupas 
- Itens de higiene pessoal 
- Itens para acampar, barraca, colchão. 

Inclusive contamos com a benevolência da amizade de muitos amigos que nos cederam várias coisas essenciais para a viagem, como o Maurício Medeiros e o Douglas Weisseimer que nos cederam as barracas, o João Henrique que nos emprestou o saco de dormir e um colchão inflável (colchão que tenho usado, está furado, mas me impede de dormir no chão). A mãe do Fred nos emprestou um guarda sol, o João também emprestou o capacete de ciclista. Enfim, vários amigos nos deram apoio moral e algum até se animaram vir conosco, mas tiveram impedimento. A Suzan Viviane que esteve conosco nessa época sombria de férias em Pelotas aceitou o desafio de cuidar da nossa casa para nós nesse tempo que estivemos fora, já que o Mineiro e o Paulista que moram com a gente estão para suas respectivas terras. 


Fomos ao Atacadão comprar nossa comida que faríamos pela estrada, optamos por massa de macarrão e arroz, comidas fáceis de transportar com maior durabilidade como pedaço de bacon a vácuo, linguicinha calabrezinha, farofa pronta, costela defumada, molho de tomate, temperos, óleo de cozinha, fósforo, tudo isso e mais um pouco tendo ciência que no Uruguai a alimentação é bem mais cara do que no Brasil. A ideia era comer a principal refeição feita por nós mesmos, economizando assim na alimentação e na viagem como um todo, deixando os custos pra coisas mais complicadas. A parte ruim é que tudo se transforma em peso pra levar depois. 

Porém conseguimos de alguma maneira adaptar nossas biscicletas, prover os suprimentos previstos para os dias de viagem, sendo duas porções de comida para almoço e jantar, levamos acessórios para cozinhar e preparar a refeições, velas e uma caixa de fósforos, papel higiênico que foi muito útil, água em vários reservatórios, e coisas de uso na higiene pessoal além de algumas coisinhas caso haja um apuros com a biscicleta estragada na estrada (pneu furado etc), levamos câmaras de ar. 


Na noite do dia 18 para o dia 19 de fevereiro dormi ansioso pelo início da jornada, aprontamos as tralhas e nos dirigimos à parada do ônibus para pegar a viagem das 09:00 horas com previsão de chegada no Chuí às 13:30 e assim procedemos...


Continua na parte II 

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