Pensamentos de Conclusão - Livro Stanley L. Brue - HPE II

Atividade de leitura do capítulo 25 do livro de História do Pensamento Econômico, minha versão em PDF é da 6º edição norte americana. 


PENSAMENTOS DE CONCLUSÃO


Quais as conclusões, se houver alguma, que podemos tirar do nosso estudo sobre a história do
pensamento econômico? Outros observadores provavelmente esboçarão variadas conclusões.
Aqui estão as nossas.



A economia é uma disciplina dinâmica. Nosso entendimento sobre os princípios da economia e o trabalho da economia tem progredido ao longo dos anos e ainda está em desenvolvimento. Novas ideias e desenvolvimentos no campo da economia tenderam a ser seguidos por outras ideias e desenvolvimentos. Alguns dos pensamentos subsequentes tem estendido, ampliado e melhorado a base do conhecimento já existente; outras teorias e estudos desafiam as novas ideias. Assim, novamente notamos as linhas brancas versus as pretas na Linha do Tempo das Ideias Econômicas. Lembre-se de que as linhas brancas indicam escolas essencialmente antagônicas as predecessoras. Essa expansão e concorrência de ideias nem sempre produziram "verdades" no sentido cientifico da palavra , mas generalizaram um grupo de princípios básicos da economia quase universalmente aceitos. Tais princípios ainda estão surgindo no campo da economia.


Nem os fatos atuais nem o aumento da profissionalização explicam o desenvolvimento da teoria econômica. Em alguns casos, são as questões críticas diárias que tem estimulado novos desenvolvimentos na teoria econômica. Um exemplo é o debate sobre o nascimento das teorias clássicas de rendimentos decrescentes e o rendimento de terras'. Em outros casos, os fatos e problemas atuais tem voltado a atenção dos profissionais e do público para as teorias — por longo tempo antes que progredissem — que repentinamente tem nova importância. Um exemplo é a atenção renovada a teoria quantitativa da moeda durante a inflação historicamente alta nos anos 1970. Mas, ainda em outras situações, o avanço de novas teorias chegou de forma bem independente das preocupações atuais. O aumento do profissionalismo entre as economistas, junto com o interesse reforçado no entendimento de paradoxos não-resolvidos e a melhoria das teorias já existentes, tem sido um fator importante para o avanço da disciplina. Um exemplo importante o desenvolvimento da analise do equilíbrio geral.

Economistas individuais tem se preocupado. Os pensadores econômicos fazem pensamento econômico. Temos visto que economistas individuais tem feito a diferença na história da teoria e do método econômico. Smith, Ricardo, Marx, Marshall, Walras e Keynes, apenas citando alguns, estão para a economia assim como Newton e Einstein estão para a física e Darwin esta para a biologia. Obviamente, isso não quer dizer que o desenvolvimento da economia se deva inteiramente aqueles que discutimos neste livro. Para cada economista estudado, houve centenas de outros que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da disciplina. Cada livro e artigo de revista especializada escritos sobre o assunto contribuíram direta ou indiretamente para o desenvolvimento do pensamento econômico.

Novas ideias raramente levam ao abandono total da herança já existente. Novos conhecimentos na economia normalmente estão ligados a um grupo anterior de pensamento e, embora possam modificar ou transformar as tradições mais antigas, eles raramente as substituem. Keynes, por exemplo, seguiu o conhecimento e a metodologia neoclássicos. Revolucionarias, as ideias keynesianas nap substituíram a tradição neoclássica. Lembre-se de que o próprio Keynes não teve nenhuma discussão com o principal grupo da teoria macroeconômica de Marshall. Da mesma forma, embora a teoria da concorrência monopolística desenvolvida por Robinson e Chamberlin a primeira vista parecesse desafiar a ortodoxia econômica, ela simplesmente se tornou parte dela. Conforme afirmou Stigler,

Uma das proeminentes lições da historia do pensamento humano é que novas ideias não levam ao abandono da herança passada; as novas ideias são absorvidas pelo corpus existente, que é, conseqüentemente, um pouco diferente. E, as vezes, um pouco melhor.

A economia tem se especializado cada vez mais. Com o crescimento do corpo geral do conhecimento econômico, as economistas individuais achavam cada vez mais necessário e 1161 se especializar em um único campo ou um número limitado de campos da disciplina. Essa especialização tem se tornado particularmente notável nas ultimas décadas. Não só existe especialização na economia (economia internacional, economia do bem-estar, crescimento e desenvolvimento econômico, economia do trabalho e assim por diante), mas também especialização nos campos da economia (teoria do capital humano e mobilidade e migração, ambos na economia do trabalho). passadas, aqueles que se especializavam em uma ou mais áreas da economia tinham o maior impacto agregado na disciplina. O "pense grande" o posicionamento das teorias amplas e abrangentes — ainda ocorre, mas tende a ficar apenas nas sub.reas especificas da economia. Bastante atenção é dada ao "pense pequeno'', que tenta colocar uma pequena pNa perdida no grande quebra cabeça da economia. Nosso estudo sobre a história do pensamento econômico sugere que há uma aloca o ideal de esfoNos entre o pensamento "grande" e o "pequeno" para obter a produção máxima do conhecimento econômico.

O pensamento econômico positivo e o pensamento econômico normativo tem sido importantes para a economia. Durante seculos, a disciplina da economia mudou de "economia politica", com sua enfase na proteção e em "o que poder ia ser" para "economia positiva", que evita julgamentos de valores e enfa tiza o descobrimento e a formaliza o de diferenças entre os fenômenos econômicos ("o que e"). Exemplos da economia positiva são a teoria do valor ou do preço, teorias da firma, princípios dos ganhos com a especializa o e comercio, teorias da funon consumo etc. Mas o nosso estudo também revela que a "economia politica", ou economia normativa, tem contribuído para a conscientiza o público acerca dos princípios econômicos e te m ajudado a desenvolver a própria disciplina da economia. Isso e verdadeiro ate mesmo no passado mais recente, conforme evidenciado pelas palavras de pessoas como Buchanan, Samuelson, Galbraith e Friedman.

Cada vez mais, a economia tem se incorporado a matemática e a estatística a sua metodologia básica. Vários economistas importantes como, por exemplo, Cournot, Walras e Pareto se autodenominavam economistas matemáticos. Outros, como Jevons e Wicksell, utilizaram a matemática intensamente. Nas últimas décadas, a econometria tem se tornado um caminho padrão nas tradições neoclássica e keynesiana. Ja no ano de 1952, Samuelson escreveu: De fato, quando me volto para o passado recente, fico perplexo pelo fato de que as especie s de economistas matemáticos puros e simples parecem estar agonizando e em extinção. Em vez disso, como ur n de meus amigos mais antigos se queixou comigo: "Atualmente, é difícil distinguir um economista matemático de um economista comum". Entendo o sentido em que ele fez tal afirmação, mas deixe - me inverter sua enfase concluindo corn a pergunta: "Isso e ruim'?"

Cada vez mais, os economistas tem respondido na negativa. O perigo de que as ferramentas disponíveis geralmente impõem quais tarefas devem ser assumidas. Em outras palavras, uma pessoa hábil no uso de um martelo pode tender a pensar apenas em projetos que exijam o uso de pregos. A matemática, afirmam alguns, é mais adequada ao "pense pequeno" do que ao "pense grande" e, portanto, tem distanciado a disciplina desse último. Os economistas de tendencias atuais contestam que na o ha já nada de inerente na abordagem matemática para impedir seu uso para formular teorias mais complexas. A teoria de Becker sobre o casamento e a família é um caso na questão.

Futuros desenvolvimentos na economia e a própria economia são difíceis de prever. Em qualquer ponto da Linha do Tempo das Ideias Econômica s, ter ia sido quase impossível prever com certeza o curso dos fatos e desenvolvimentos subsequentes tanto na ciência econômica quanto na economia. Nosso estudo revela que podemos ser extremamente cautelosos sobre as teorias econômicas que predizem a utopia, o julgamento ou outros resulta dos "inevitáveis". As pessoas e os sistemas econômicos em que elas trabalham tem mostrado uma notável resiliência em face de circunstancias econômicas variáveis. Devemos também resistir a tentação de concluir que a onda de hoje é necessariamente a onda de amanha. Ha apenas três décadas, o observador participante da economia teria erroneamente concluído que as ideias neoclássicas estavam permanentemente em de cadencia . Hoje, podemos concluir com facilidade — e prematuramente — o oposto: que a economia é uma economia neoclássica. As ideias keynesianas, institucionalistas e socialistas ainda estão bem vivas e podem bem dominar a economia no futuro.

Além disso, ha atividade hoje em varias linhas de grupos de economistas insatisfeitos com a ortodoxia atual. Isso inclui os novos austríacos, que rejeitam a orientação matemática da disciplina e a definição estática da eficiência que permeiam muitos dos pensamentos atuais. também os economistas do mercado que advogam politicas para incrementar o crescimento da produção e estimular a produtividade e que rejeitam o monetarismo estrito. Ha institucionalistas e socialistas tradicionais, hoje na defensiva, mas ainda trabalhando para formalizar e popularizar suas ideias. Ha pós-keynesianos, discutidos no Capitulo 22, que estão trabalhando para desenvolver modelos em que os prNos e os salários sejam "fixados" por meio do exercício do poder, em vez de serem de terminados livremente no mercado. Não se pode simplesmente predizer qual dessas linhas de raciocinio resultara no conhecimento de importância suficiente para ditar sua inclusão no próximo capitulo da história do pensamento econômico. Mas, nossa revisão dos registros históricos demonstra claramente uma coisa: novos desenvolvimentos ocorrerão na economia. Do que conhecemos hoje sobre economia nao sera suficiente para durar toda nossa existência. De forma um tanto irônica, o estudo do passa do na economia nos mostra a importância da corrente resistente. Ele também nos implora para manter uma mente aberta e perspicaz.








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SE MARAVILHAR COM AS COISAS DA VIDA

Dilemas econômicos: Teorema de Arrow

SQL em escala com o Apache Spark SQL e DataFrames - conceitos, arquitetura e exemplos