A Evolução do Capitalismo
Não há surpresa que o termo capitalismo, muito usado na fala popular e na literatura histórica nos anos recentes, não tenha um acordo sobre o seu uso. Mais notório ainda é que na teoria econômica das escolas de pensamento tradicional esse termo apareça muito raramente ou nunca apareça.
Existe até uma escola de pensamento a que pertencem economistas e historiadores, que se negam a dar ao capitalismo o nome de um sistema econômico. No caso dos economistas, isso pode se dever ao fato de que seus conceitos centrais se modelam num plano abstrato e desligado dos fatores históricos, somente nos quais o capitalismo pode ser definido. No caso dos historiadores a adoção dessa posição pode se dar ao fato da grande variedade e complexidade dos acontecimentos históricos, tão grande que impede que qualquer conceituação que delimite uma linha fronteiriça entre os acontecimentos históricos, dado que período algum da história é feito de um só tecido histórico, e como todos os períodos da história são misturas complexas de elementos, é uma simplificação enganadora rotular qualquer parte do processo histórico com o nome de um único elemento.
O capitalismo em sua concepção abstrata possui caraterísticas que caracterizam numerosos períodos da história, a busca pela origem de qualquer "sistema" é em geral uma busca vã que pode não ter fim. Diante dessa afirmativa, se o capitalismo não existe como entidade histórica, os críticos da ordem econômica atual que clamam por mudanças, especialmente Karl Marx, podem estar clamando contra moinhos de vento. Marx foi originalmente o responsável por fazer observações a respeito de um sistema capitalista. Um crítico do professor Tawney denunciou o termo como sendo apenas um artifício político.
Após anos de pesquisa intensa na história do pensamento econômico, a afirmação de que capitalismo é apenas um artifício político já caiu por terra, A fala do professor Tawney pode resumir a opinião dos que examinaram o desenvolvimento econômico dos tempos modernos: "Após mais de meio século de trabalho sobre o assunto, executado por estudiosos de meia dúzia de nacionalidades, e com as mas diversas opiniões políticas, negar que o fenômeno (capitalismo) exista, ou sugerir que se existe é coisa singular entre as instituições humanas, é incorrer voluntariamente em cegueira, um autor não deverá entender grande coisa da história nos últimos três séculos, além de evitar a palavra, ignorar o fato." Todavia mesmo que hoje em dia tendo o capitalismo recebido status de categoria histórica, não é garantido que as pessoas que alega estar estudando esse sistema estejam falando da mesma coisa.
Esclarecendo o que a palavra "capitalista" se tornou, quando usada entre alguns economistas, principalmente entre os partidários da escola austríaca, pouco tem a ver com o sentido histórico de interpretação. O termo "capitalista" tem sido usado pelos economistas puramente como um termo técnico, ao se referirem ao uso dos chamados "métodos de produção indiretos" ou que encurtam o tempo, e em grande parte se prendeu a uma visão particular da natureza do capital. Não diz respeito à modalidade de propriedade dos instrumentos de produção, e se refere apenas à sua origem econômica e à medida do seu uso. Como toda produção, exceto a mais primitiva, sempre foi em algum grau capitalista, nesse sentido técnico, o termo apresenta pouco valor a fins de diferenciação histórica. O que fazem na verdade é uma diferenciação do capitalismo de qualquer outro sistema histórico especial.
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