CARTA DE UMA DESIGREJADA À IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA

 CARTA DE UMA DESIGREJADA À IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA

Lembra de quando eu era uma bênção?




Querida igreja evangélica,

Você lembra de mim?

Nos conhecemos há muito tempo. Eu vivia entre seus bancos, subi ao púlpito, cantei, preguei, evangelizei. Lembra de quando eu era uma benção? Por muito tempo fui, até o dia que aos seus olhos virei maldição.

Foi nesse dia que precisei sair.

Não foi por não amar a Jesus Cristo que deixei de frequentar a igreja. Na verdade, amo tanto a Deus que não suporto ver o que vocês fazem em nome dele.

Quando dinheiro virou um ídolo, quando um político é idolatrado como bezerro de ouro, quando vi que o amor esfriou, vi que já não cabia mais aí.

Você me ensinou sobre o perfeito amor que lança fora todo o medo. Você me ensinou que, no Reino de Deus, o maior deve ser o menor.

Você me ensinou que Cristo veio para romper com estruturas de religiosidade. Você me ensinou que Deus não precisa de governo para reinar.

E eu cri com tanta força nessa verdade que não consegui permanecer na instituição.

Não aguentei o fardo de estar sentada nesse banco. De repente, eu não cabia mais nele. E não é como se eu não tivesse tentado caber.

Fui chamada de egoísta por me levantar do banco, mas Nina Simone ensina que você precisa aprender a hora de se levantar quando o amor não está mais sendo servido.

Não saí porque quis, pelo contrário, tentei ficar até o último momento.

Mas a todo momento estava claro: pessoas como eu, segundo alguns religiosos, não são cristãs de verdade, nunca se converteram, só serão permitidas se encaixarem em seu molde. E eu nunca coube aí.

Mas não se preocupe, eu encontrei outras formas de ser igreja. Como Jesus, escolhi estar às vezes fora do templo, em encontros nas ruas, montanhas e praias. E às vezes na igreja de quatro paredes também, por que não?

Minha igreja está aqui e ali, em encontros potentes com pessoas que amam a Cristo tanto quanto eu.

Espero que um dia você nos reconheça como irmãos.

Com amor,
Desigrejada.

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