Meu texto sobre a morte



A morte é sempre desprazerosa, chega pra todos, até o filho de Deus passou por ela. Há quem diga que, “a única certeza que se tem é a morte”, e não é mentira. A morte faz parte da vida assim como o nascimento, é preciso aprender lidar com ela porque infalivelmente, todos de depararão com ela um dia. Seja grande ou pequeno, ricos, reis, burocratas, políticos, artistas, atletas renomados, pastores, profetas, sábios, cientistas e filósofos nenhum escapa, também nenhum mendigo, pedinte, deficiente, criminoso, atendente de telemarketing, nenhum escapa, a morte é democrática, não escolhe sexo ou cor, gênero ou religião, posição social ou ideologia política, não existe diferenciação, para ela todos são seres humanos.
                         É incrível como temos tantos conselhos de como ser uma boa criança, obedecer aos pais e tirar notas boas na escola, escolher uma boa faculdade e se casar com a “pessoa certa”, ter uma boa carreira profissional, promover o bem-estar mundial e até mesmo conselhos de como ter uma velhice tranqüila, mas poucos são os conselhos sobre a morte, por quê? Porque a morte sempre vai ser um terreno desconhecido, quem foi não volta pra explicar como é lá “do outro lado”, e isso incorre em muito mistério, será que não voltam porque não podem ou porque não querem? O que acontece depois que o corpo “apaga”? A consciência desaparece ou vai pra outro plano sobrenatural? São perguntas que eu garanto, que se alguém voltasse e as respondesse seria o maior campeão de bilheteria e venda de livros da história humana.              Mas alguém me diria: - não penso na morte pra viver em paz! Tens razão em parte, pois viver em função de um pensamento nunca levou paz a ninguém, mas ignorar a morte por conveniência também não é saudável. Outros dizem: - Falar demais em morte é atrair o mal para si! Também tem sua lógica pensar assim, porque se você fala muito de uma coisa, ela corre seriamente o risco de se realizar, e estatisticamente, a morte pode dar o acerto em algum palpite feito despretensiosamente. Enfim, morrer faz parte da vida, mas nunca vamos saber lidar com a morte, porque nossa mente não foi “programada” pra logoff, não temos o tempo certo de parar, não nos foi dado um cronograma a seguir, sempre somos pegos no meio de alguma aspiração, no meio de um empreendimento que com certeza acarretaria em milhares de histórias que contaríamos e gerariam outros milhares de novos projetos.


                         Ninguém vai estar preparado pra morrer, porque a morte nunca esteve na nossa agenda do final de semana, quem dirá na semana, a morte não é incluída nos alvos e metas pro ano novo, ou em um período dos próximos 5 ou 10 anos. Não é meu objetivo colocar algo novo na sua idéia sobre a morte, porque desde que o mundo é mundo a morte se apresenta da mesma forma, fria, implacável e sem hora marcada, mas eu gostaria de falar porque desviamos tanto do assunto, porque nos causa dor, e ninguém é maluco de ficar remoendo dor, pois do contrário não haveria sentido pra vida. Mas temos muito a aprender com a morte, ela é fonte de reflexão. Como disse Jesus: “Melhor é estar na casa onde há luto, do que na casa onde há festa”.
          Sabedoria profunda, porque ao considerar a vida, lembramos da nossa fragilidade, esquecemos dos problemas que são passageiros e passamos a nos importar com o essencial. Quando consideramos a morte, passamos a dar mais valor à vida, deixamos de lado a indiferença, deixamos de lado a cobiça, deixamos de lado a inveja, deixamos de lado o orgulho e nos lembramos que somos pó e ao pó voltaremos. É um absurdo aqueles que se aproveitam desse momento de morte para se saírem como sabichões, tentando explicar ou teologizar um fato tão simples, esquecem que o mestre dos mestres apenas chorou com os que choravam.
        Hoje é 29 de Novembro de 2016, mais um desastre aéreo brasileiro levou a vida de dezenas de seres humanos de maneira abrupta, o vôo aonde ia o time de futebol de santa Catarina, Chapecoense, e vários jornalistas caiu próximo ao aeroporto de Medelín na Colômbia e deixou apenas 6 sobreviventes, ainda não se sabe as causas da queda, mas toda nação está comovida, em meio a tantas polêmicas morais, em meio a uma crise política, em meio a grandes mudanças nas leis e nas instituições do país, uma notícia de morte nos faz parar tudo e resignar sobre quão frágil  é a nossa existência.
               Tudo perde o sentido quando lembramos que a morte está mais próxima do que se imagina. A reflexão sempre é válida porque viver como se não fosse morrer, pode causar o prejuízo de morrer como se não tivesse vivido. Perder a vida pra ganhar dinheiro, pode causar o prejuízo  de gastar dinheiro pra ganhar saúde, que é um bem que não tem preço. Já parou pra pensar que as coisas mais valiosas do mundo não se compram, nem se vendem, não existe cartão de crédito que parcele o pagamento pela saúde de ferro, pela amizade verdadeira, pela paixão arrebatadora de um amor correspondido. Esse texto que escrevi pode estar cheio de clichês, mas a verdade é que a morte está aí, e queira ou não nos deparamos com ela diariamente, nos noticiários, nos obituários, nas conversas informais etc.


    Pensar na morte é preciso, mas isso não quer dizer que esse pensamento deva ser acompanhado de melancolia, pelo contrário, ouso dizer que ao pensar na morte façamos a escalação de outro sentimento poderoso que nos faz querer viver, esperança, o desejo, à expectativa de tempos melhores nos dá a vontade de estar vivo, a esperança, fé e o amor são aqueles que permanecem mesmo após a morte, a esperança de ter vivido uma vida que valha a pena. Outra frase diz: “Você não pede pra nascer e nem escolhe se vai morrer, aproveite o intervalo”. A morte é a maior comprovação de que a vida é preciosa, rara e muito valiosa. A morte não é senão, um selo de autenticação de como a vida é insubstituível e única.

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