UM FIM PARA MAIS UM RECOMEÇO

    


          O dia 30 de Abril quase foi a minha despedida da vida, logo eu, que já imaginava como seria o roteiro da minha morte desde a minha infância, desde que na sala vendo tevê, junto com meus pais, ao ouvir o noticiário sobre o aquecimento global eu disparei a chorar, a sensação de finitude parecia ter se materializado dentro da minha mente juvenil, mesmo tendo crescido na Vila Montecelli, onde vi pessoas sendo mortas nas brigas de rua, filmes violentos, velórios na capela Santa Luzia, o dia da notícia sobre os buracos na camada de ozônio e o aquecimento da Terra com raios ultravioletas entrou na minha mente e algumas vezes eu sempre, como você imagino, também idealizou como seria a sua hora final, é interessante como a mente infantil tem mais ciência da morte do que a de um adulto em plena idade produtiva, seja produtivo entendido como a idade que você entra num ciclo de ter desejos, que te fazem adquirir dívidas que te obrigam a ter dinheiro, que te obriga a se submeter a uma rotina de produzir ou fazer algo que não necessariamente era o que você gostaria de estar fazendo mas faz e assim gira uma roda infinita de coisa que acontecem por você ter esses desejos (ou necessidades) e ao satisfazê-las você cria outras, o famigerado capitalismo, mas não é sobre isso o meu texto.
  

       O dia 30 foi o encerramento do 4º mês do ano, nosso querido Abril, deu num domingo, o qual eu planejei um piquenique no parque, chamei minha amiga para compartilhar esse momento, fomos cedo para o parque Macambira, que era mais próximo da casa dela, fomos cedo no mercado, compramos algumas comidas, forro para colocar sobre a grama e até uma caixinha de som, chegamos e encontramos um parque vazio e agradável, com fartura em sombra e a paz que almejávamos. Mas lá mesmo eu posso dizer que senti alguns desconfortos no estômago, algo como uma prisão de ventre com gases, mas nada que me atrapalhasse fazer as minhas coisas, eu estava aproveitando porque na minha mente eu sabia que teria uma viagem na segunda-feira bem cedo, uma longa viagem de carro pela empresa que trabalho, uma convenção que eu nem fui consultado se tinha interesse, simplesmente foi marcado e eu estaria prestes a passar uns 5 dias fora do meu estado de Goiás. 

Loys e Eu no parque antes da viagem

                                                   
Nosso piquenique de domingo
  

    Como o planejado acordei cedo e arrumei minhas coisas, uma mochila com meu notebook, produtos de higiene pessoal, coloquei um tênis na mochila e um sapato também, pois a viagem seria a trabalho, então teria que ter roupas apropriadas para estar em um ambiente profissional, mas também me preocupei em colocar roupas confortáveis tanto para a viagem quanto para os momentos que eu estivesse fora do trabalho, coisas ajeitadas, organizei tudo, e preparei a moto para levar tudo nela, afinal, ainda não tenho carro, mas ela me levará até a empresa aonde é o ponto de encontro para dali partir em viagem. Me despedi do Paulo Victor, mais conhecido como Morais, que está ficando na minha casa comigo por uns dias, ele está morando na minha casa e dele me despedi antes de ir embora. Fiz o trajeto normal, descendo pela Vila Galvão e dali fui para a Hot Sat, numa manhã de feriado nacional, dia do trabalhador, 1º de Maio, eu me questionando porque diabos eu ainda fazia uma coisa dessas, era só recusar e curtir meu feriado como me é de direito, mas nem só de direitos vive o trabalhador, uma pena eu chegar nessa conclusão, mas é a vida real. 



     Chegando cedo na empresa, tudo fechado, como esperado, porque o combinado era às 07:30h e provavelmente na mente do Carlos, o gerente da loja, sairíamos no mais tardar às 08:00h, fiquei um tempo sentado próximo ao portão que dá nos fundos de um posto de gasolina, o posto Xodó, ao lado do CD do Correios da Vila Brasília, aquele dia prometia, feriado do dia do trabalhador e eu esperando para passar o dia inteiro na estrada por conta do meu trabalho, o que me restava senão agradecer a Deus a saúde e a oportunidade de estar empregado. Logo mandei uma foto de visualização única no grupo de whatsapp da filial Goiânia, logo o pessoal começou a dar sinal de vida. O Carlos Junior e a Raiane, diretora da empresa, logo chegaram, o Carlos de short, já preparado para a viagem que seria longa dentro da Van da empresa, assim que ele chegou já dei jeito de colocar minha moto pra dentro do estacionamento, pois ali ficaria até eu retornar de Toledo - PR, deixei meu capacete dentro da loja, e já fomos pegando os inversores que deveriam ir para assistência técnica da Vertys e que estavam acumulados ali na sala de assistência técnica da Hot Sat. O Carlos solicitou e eu já me prontifiquei para imprimir as notas de transporte daqueles produtos, porque no caso de sermos parados em alguma barreira policial, estaríamos com as notas fiscais dos produtos. 

     O último a chegar foi o meu colega vendedor Alan Bernardes, disse que estava esperando uma carona do Wallafy, pois ele não tem meio de transporte próprio e disse que estava na espera de uma carona que não apareceu, Carlos ficou chateado, mas como são da mesma idade não demonstrou com certeza a insatisfação que ele demonstraria para mim sendo eu mais novo, enfim, antes de sair eu já reclamei que estava com muito desconforto, talvez por algo que tivesse comido no dia anterior, a Raiane, muito querida me deu um comprimido de Sonrisal e eu tomei, fomos pela BR-153 diretão, saindo de Aparecida de Goiânia, rumo a Hidrolândia, Professor Jamil, Morrinho, um monte de cidade até passar por Itumbiara perto da fronteira com Minas Gerais. 


     Durante a viagem, fomos em silêncio, mas com interrupções minha pedindo para parar em algum posto e eu ir no banheiro, paramos até naqueles SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário) da empresa concessionária da rodovia e ali consegui fazer o número 1, mas nada do número 2, ainda em Goiás a dor começou a ser forte e começou a incomodar, os caras fazendo piada comigo, eu pra não entrar na pilha ria junto com eles, mas sentindo uma dor infernar, como se tivesse um cocô preso, e eu me questionando, porque eu nunca tive isso e justo agora parecia que aquela era a prisão de ventre mais fodas da história que eu já tinha visto. A minha sorte foi que, apesar de zoarem muito, sempre que pedi parava a van e assim fomos pelo triângulo mineiro e entrando no estado de São Paulo, comecei a avisar algumas pessoas queridas que eu não estava bem, estava na estrada, porém com muito desconforto, a Andréia, foi quem me orientou a buscar um remédio para dor e para gases, Buscopan e Simeticona, foi numa cidade chamada Santópolis, já perto de escurecer que achei uma farmácia e ali além de comprar esses remédios, também tomei outros remédios para má-digestão. 

    Dali em diante o Carlos apelou, só paramos depois de entrar no estado do Paraná, antes tínhamos almoçado um sanduíche na beira da estrada e nada de me dar vontade de evacuar, chegando no estado do Paraná, inventei de comprar doce de leite, comi tudo e ainda umas bolachas também de doce de leite, para me dar uma caganeira proposital, porém mesmo conseguindo fazer o número 2, a dor permaneceu, isso me deixou muito preocupado, a viagem já tinha muitas horas a mais devido às inúmeras paradas e estávamos viajando faltando muito chão e a noite já havia caído.  



     Do meio pro fim da viagem me bateu muito cansaço e misturado com a dor eu cochilei, acordei com muito susto, puxando o braço do motorista e do outro companheiro que estava ao meu lado, o Carlos que estava dirigindo falou pra que trocássemos de lugar. Eu já tinha sentido tanta dor, suado eu já estava, de mim não saída nem um gás, minha barriga com muita dor em volta do umbigo, eu sabia que estava tenso, mas por uma abençoada ignorância eu nunca cogitei que seria algo muito grave. Conseguimos chegar ao hotel, no centro da cidade de Toledo por volta das 01:32h da manhã, eu já fui descendo e pedindo a confirmação das nossas reservas, o nome do hotel era Maestros Hotel, um hotel muito bom inclusive. O recepcionista logo confirmou nossas identidades e me entregou a chave do meu quarto, falou a senha do wi-fi e eu subi, logo deixei minhas coisas de lado e já fui dormir, cheio de dor, pensando se acordaria melhor, sem dor no outro dia, afinal já havia tomado os remédios. 

   Na manhã seguinte, uma terça-feira, eu já mandei mensagem para a minha colega da Vertys que é da cidade, sobre aonde era a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), que eu poderia procurar na cidade e ela me disse que chamando um Uber ele logo me deixaria lá na porta, comentei também com o Leandro e ele me disse: "Igão, você vai conhecer o sistema de saúde de outro estado, isso é que é andar hein". 



   Chamei o Uber e ele me deixou na porta da UPA, estava nitidamente cheia de pessoas, especialmente mães com crianças pequenas, mas muitos adultos também, pessoas paraenses, pessoas comuns assim como eu, esperando um atendimento, como um dia normal na vida dessa cidade no interior do sul do Brasil. Fiz o primeiro atendimento, falei que não era dali, estava em viagem e havia passado mal, logo me cadastraram e me passaram para aguardar a triagem, na triagem, fui chamado depois de uns 40 minutos e lá foi me dada uma etiqueta amarela, de caso urgente, ou seja, estava numa prioridade maior que a da maioria do pessoal que ali estava que estava com a etiqueta verde, de caso não muito urgente. A médica que me atendeu, se chamava Daniela, uma pessoa muito querida, me tratou com uma educação e gentileza de se encher os olhos. Ela me fez perguntas, me passou pro Raio X e depois tomar medicação na veia, depois enquanto estava prestes a acabar o remédio na veia, ela me disse que poderia me internar, mas como ali estava cheio, pediu pra eu voltar pro hotel e se ali piorasse, voltar correndo sem esperar. 


   Voltei para o hotel e ali fiquei até o final da tarde, falando com meus amigos e sentindo ainda muita dor, tomei os remédios na esperança de que a dor passasse, o remédio na veia ajudou, mas logo a dor retornou com tudo e tive que pedir um Uber para voltar para a UPA, nesse tempo eu conheci uma guria da cidade muito legal, chamada Júlia, estávamos conversando pela internet e no meio do assunto disse que estava indo para a UPA, ali expliquei que tinha buscado atendimento de manhã e a dor retornara, logo a médica me encaminhou para a internação, e ali fiquei com várias outras pessoas, mas sempre bem atendido por todos os funcionários daquela unidade de saúde pública. Fui deitar numa maca numa sala aonde haviam algumas outras pessoas, eu já havia entendido que aquilo seria minha sina, minha jornada no sistema público de saúde, com baterias de exames e veria o que se sucederia desde então. 


   Quando enfim me deitei, com a dor no abdômen e já preparando meu celular para ficar do meu lado, me toquei que haviam mensagens no whatsapp e no Instagram, depois uma chamada perdida e logo uma chamada nova, era a Patrícia Comarella, me ligou e me perguntou aonde eu estava, disse estava lá fora e viera me buscar, eu disse que estava internado, e ela me perguntou se eu não queria ir para um hospital particular, daí eu disse que não tinha plano de saúde, e mesmo assim ela me falou pra ir com ela. A Patrícia nessa história é uma personagem muito importante, porque já tínhamos nos conhecido na outra viagem que eu tinha feito a Toledo no ano passado, e ela foi responsável por tratar a mim e a todos que estavam comigo muito bem, por isso confiei de ir com ela, solicitei permissão pra sair para uma enfermeira que ali estava, só que ela disse que teria que ver com a enfermeira chefe, a enfermeira chefe apareceu e disse que não tinha como me liberar, mas eu poderia ir, mas o caso ficaria como evasão por iniciativa própria. Então logo apareceu um rapaz novo, e também enfermeiro talvez, perguntando se eu era o Igor e que tinha uma pessoa me esperando lá fora. Então agradeci à enfermeira e fui para fora, caminhando devagar, cheio de dores já, ciente que meu caso era de internação, a Patrícia estava lá fora a me esperar e logo tratou de me colocar no carro para irmos para um hospital particular da cidade, como estava chovendo ela foi buscar o carro na chuva e trouxe ele na porta aonde eu entrei e fomos. 

    Primeiro, fomos a um hospital que não estava tendo plantão, depois fomos para um hospital que estava com o pronto atendimento de emergência funcionando, algumas pessoas lá também aguardavam atendimento, mas ninguém parecia estar numa situação muito grave, a não ser uma senhora que gemia muito de dor, e ficamos enquanto aguardávamos ouvindo ela gemer sem poder fazer nada, logo os enfermeiros e funcionários do hospital a retiraram do chão, onde ela estava sentada, tinha mais ou menos umas 4 pessoas na minha frente, a espera nessas horas parece que demora uma eternidade e a Patrícia o tempo todo ao meu lado, quando fui chamado uma médica muito nova me atendeu, enquanto eu aguardava sentado de frente a sua mesa ela estava reparando uma possível falha no atendimento de ter passado alguém na frente por ser homônimo entre os pacientes. 



     No atendimento a doutora me fez perguntas para possivelmente preencher um check list e depois me encaminhou para uma tomografia, já alertando que havia 99% de chances de ser problemas com apendicite, fui levado então de cadeira de rodas para uma sala nos andares de cima do hospital, foi uma cena muito triste eu tão jovem sendo empurrado na cadeira de rodas por dois enfermeiros, sou um cara pesado, enquanto recebia olhares de todo tipo dos que ali presente estavam. Enquanto era empurrado ouvia a conversa corriqueira dos funcionários do hospital, comentários sobre meu estado de Goiás, era uma moça e um rapaz me empurrando, ela havia comentado que já tinha estado em Goiás, enquanto o rapaz zoava em tom de inveja, que ela era chique por ter ido "nesses lugares diferentes". Quando chegamos na sala da tomografia, fui colocado na máquina enorme que eles tinham lá, aquelas que a pessoa entra de corpo inteiro, como se fossem tirar uma xerox dela, o rapaz me disse pra baixar a calça até os joelhos e disse pra remover todos os itens que estivessem nos meus bolsos. 

     Pois bem, feito a tomografia, fui encaminhado para um quarto de internação, lá no escuro, sozinho de madrugada, fiquei pensando em tudo que estava acontecendo, mandando mensagens de Whatsapp para pessoas conhecidas e amigos, uma enfermeira renovou o soro que eu estava recebendo na veia, e logo saiu, depois disso fiquei apenas com o escuro e o silêncio quebrado pelas conversas aleatórias dos enfermeiros e equipe de plantão naquela noite, risadas e conversas despreocupadas de quem estava ali apenas cumprindo mais uma jornada de trabalho e para mim, um completo limbo, onde sem saber o que se sucederia não conseguia nem ficar aliviado, e nem chorar, pois estava num completo suspense, nas mãos de outras pessoas eu estava na verdade com aquela sensação real de que nada está no meu controle.

Por volta das 02:30 da manhã a doutora que me atendeu me disse que saiu o resultado do exame de tomografia e era mesmo um caso de cirurgia, agora era esperar o cirurgião para saber os próximos procedimentos a serem tomados e saiu, logo depois uma funcionária lá da recepção, uma moça loira de camisa polo verde da Unimed me trouxe um calhamaço de papéis pra eu assinar, ela ligou a luz e eu meio tonto me levantei e comecei assinar sem ler, assinei tudo que tinha lá sem perguntar nada, imaginei que eram burocracias referentes à cirurgia, termos de ciência, isenção de responsabilidades de algumas pessoas caso dê alguma merda, coisas relacionadas aos custos financeiros, nesse exato momento minha ficha começou a cair, eu mandei um áudio para a minha amiga Andréia, que trabalhou comigo em Pelotas, sem querer comecei a chorar enquanto mandava o áudio. A noite passou e eu dormi.

Na manhã do dia seguinte, o dia 4 de Maio, eu estava com a Patrícia ao meu lado e logo chegou o Dr. Marcos Vinícius, cirurgião que iria fazer o procedimento em mim, um senhor de meia idade, alguns cabelos grisalhos, realmente tinha cara de cirurgião, foi extremamente profissional e me tratou com muito respeito e carinho humano, me explicou sobre o procedimento, disse o porquê do procedimento cirúrgico por vídeo seria melhor, as vantagens em relação ao outro método que seria mais invasivo e a recuperação mais demorada, a pergunta que a Patrícia fez de pronto foi se eu conseguiria voltar pra casa no carro da empresa.  

Dr. Marcos Vinícius, cirurgião


      A ansiedade tomava conta de mim, começaram os preparativos para eu ir pro centro cirúrgico dentro do hospital, uma enfermeira apareceu e me ajudou a tirar minha calça, eu fiquei completamente nu, a Patrícia pediu pra se retirar pra me deixar mais a vontade, visto que ela era minha colega de trabalho e preferiu não ver minha nudez, um gesto muito humano da parte dela, de respeito na verdade ne, enfim, fiquei completamente nu, porem com um lençol me cobrindo, os maqueiros me pegaram e me levaram até o centro cirúrgico, e eu vendo tudo na visão de quem está deitada, sendo passado de uma mão para a outra entrando por portas e com muitas luzes vindo contra meu rosto. Amenidade sendo conversadas entre os enfermeiros e funcionários do hospital, quando eu fui colocado num canto até prepararem o espaço onde seria minha cirurgia, eu fiquei atordoado procurando quem seria a anestesista e que horas ela viria me aplicar a minha anestesia, eu comentei com a enfermeira que me recebeu, provavelmente a responsável por aquele lugar: -"Eu nunca imaginei que estaria passando por isso, eu só via essas cenas em filme". Ela achou engraçado, mas provavelmente nada que ela já não tenha ouvido antes. 



     Todos me tratavam com uma gentileza anormal, eram muito simpáticos comigo, e isso me desesperava, eu sentia como se estivesse prestes a morrer, ser tratado tão bem me provocou desespero, pois entendia nas entrelinhas que era piedade, talvez dó, por me verem indo pra faca tão novo. A agonia pra saber a hora que a anestesista iria entrar em ação só aumentava, e olhava pros rostos e imaginava qual dentre eles eram o cirurgião e quem era a anestesista. De repente me movimentaram novamente, me levaram pra onde de fato era o local da cirurgia, uma sala mega iluminada, fiquei numa mesa agora sem lugar pra colocar os braços, colocaram meus braços em apoios, logo depois uma enfermeira colocou aqueles fios em mim, no meu peito para monitorar meus batimentos cardíacos, aquele barulhinho me dava medo também, logo eu estava com um gás no meu rosto pegando meu nariz e boca, que cena assustadora meu Deus, o médico apareceu e começou a falar coisas para a equipe, encostou próximo na minha cabeça uma pessoa e disse: -"Eu sou a anestesista e vou te preparar". Aquilo pra mim me veio como uma sentença irremediável, ali começava minha viagem a bordo do desconhecido, do improvável. 

    De fato eu apaguei, mas explico meu medo da anestesia. Eu como um autêntico representante de uma das gerações mais ansiosas da humanidade, ficava tentando acompanhar a cronologia dos acontecimentos e estar consciente em tudo que acontecia, o desconhecido me deixa desconfortável, ainda mais quando é algo que sabe-se o risco da sua própria vida, nosso bem mais precioso. Eu estava ainda em ponto de sedação e a todo momento tentava descobrir que horas que começaria os efeitos da anestesia. Tudo isso também pelo gatilho de ter ouvido uma história do Cássio, meu vizinho que mais velho, me contou a história de quando ele foi fazer cirurgia e a anestesia não pegou direito e ele não conseguia informar que estava vendo tudo, foi depois até desmentido pelo próprio médico, essa história me veio na memória na hora. 




Comentários

  1. História pra contar, meu camarada 🙇🏿‍♂️🙏🏿🤌🏿

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