"O DIA QUE TUDO DEU ERRADO E CERTO AO MESMO TEMPO"
Um Dia Nada Corriqueiro
Meu nome é Igor Durkheim, tenho 29 anos, e ontem vivi um dia que tinha tudo para ser comum, mas acabou se transformando em uma sequência de acontecimentos surpreendentes. Foi meu penúltimo dia de trabalho na Hot Sat Telecomunicações, empresa em que trabalhei por um ano e oito meses. Estou cumprindo aviso prévio e, na próxima sexta-feira, dia 23 de junho de 2023, encerro esse ciclo profissional. Sinto-me extremamente feliz em finalizar essa etapa.
Ao acordar, senti uma despreocupação incomum. O frio da manhã não me incomodou, pois, nesta época do inverno brasileiro, há uma grande amplitude térmica na região de Goiânia, onde trabalho, e Senador Canedo, onde moro. Sabendo que não preciso mais bater ponto no trabalho, desfruto de uma jornada livre, além de ter que sair mais cedo naturalmente devido ao aviso prévio. No dia anterior, uma quarta-feira, não fui trabalhar devido a um atestado médico. Dirigi-me ao posto de saúde próximo de casa, no Jardim Todos os Santos, tomei uma vacina e consultei um médico sobre minha crise de sinusite, que me ataca com mais frequência durante o clima frio e com umidade baixa. Enfim, não tenho interesse em me estressar com as questões do trabalho do qual estou me desvinculando.
Já em casa, comecei a receber mensagens de clientes solicitando orçamentos e auxílio. Foi interessante perceber que, para alguns clientes, que não sabem que estou saindo da empresa, continuo sendo uma pessoa muito requisitada para auxiliá-los em suas demandas e fechar projetos de energia solar.
Peguei minha moto, tranquei a casa e segui rumo ao trabalho. O trajeto entre Senador Canedo e Goiânia dura menos de 30 minutos, mas parei para tomar um café da manhã. Ao chegar na empresa, depois de enfrentar um trânsito pesado na GO-020 e na BR-153, comecei a atender as demandas dos clientes que solicitavam orçamentos. Surgiram muitos pedidos, inclusive um cliente que estava com uma venda praticamente fechada, o que me animou. No entanto, fiquei triste ao pensar que provavelmente não estarei mais presente para receber a comissão dessa venda.
Não tirei horário de almoço, pois já planejava sair antes das 14:00 para encontrar minha tia Eneida e irmos visitar meu tio José Paulo, a quem carinhosamente chamo de Tio Zé Neto. Ele está internado na Clínica Psiquiátrica Casa de Eurípedes, em Goiânia, no setor Rio Formoso. Saí da empresa antes das 14:00 e fui buscar minha tia Eneida para irmos juntos de moto até a clínica. O horário de credenciamento para visita era às 15:30, e o horário de visitas ia das 16:00 às 17:00. Chegamos em cima da hora, às 15:30, e fizemos nossos crachás. Em seguida, entramos para visitar meu tio Zé Neto. Para nossa alegria, ele aparentava estar bem melhor do que da última vez que o visitamos. Estava mais corado e falante, dialogando mais do que antes, quando falava muito menos. Essa melhora nos encheu de esperança e alegria.
Depois de voltar para a Vila Montecelli, decidi trocar de roupa e fazer uma caminhada no parque do Setor Goiânia 2. Deixei minha moto na calçada da casa da tia Eneida e fui a pé para o parque. Passei no mercadinho da Dona Tina e comprei um lanche, seguindo em direção ao parque. Era uma caminhada agradável, uma distância boa para percorrer, atravessando o Setor Criméia Leste e chegando ao Setor Goiânia 2.
No entanto, algo inesperado ocorreu. Comecei a correr para não ficar apenas caminhando, mas, no horário em que estava, entre as 18:00 e as 19:00, o fluxo de trânsito era intenso. Os carros não paravam, seguiam um após o outro em alta velocidade. Eu precisava atravessar a avenida para chegar ao canteiro central e seguir para o parque, mas não havia uma pausa no tráfego. De repente, vi uma pequena abertura entre os carros que passavam. Calculei rapidamente em minha mente que teria tempo para atravessar rapidamente antes que o próximo carro passasse. Foi então que aconteceu.
No exato momento em que pisei para impulsionar minha corrida, encontrei uma garrafinha de refrigerante vazia exatamente onde coloquei o pé. Resultado: uma queda estrondosa, parecendo uma jaca, bem em frente a um carro. Não poderia esperar nada além de um forte impacto, mas, para minha grata surpresa, o motorista parou e aguardou que eu me levantasse. Ele fez um sinal positivo com o dedo, indicando que estava tudo bem. Percebendo que ainda não era a minha hora de partir, com o coração acelerado, joguei-me no gramado do canteiro central e observei os carros voltarem ao fluxo normal.
Só conseguia pensar em uma coisa: "Meu Deus, foi por um triz!". Olhei para o celular e constatei que não havia sido danificado. Ufa! Ainda bem, afinal, não terminei de pagar as prestações. Enviei um áudio para a Loys, contando tudo o que havia acontecido, e depois ela me ligou. No entanto, segui em frente com meu objetivo de fazer uma caminhada/corrida e assim o fiz. Dei umas três voltas no parque do Setor Goiânia 2 e, em seguida, retornei para a casa da minha tia, enquanto o frio começava a apertar.
Ao chegar na casa da minha tia, o timing foi perfeito. Ela havia acabado de chegar em casa, pois tinha ido ao culto na igreja. Contei a ela o ocorrido e depois me troquei para ir embora. Minha prima Naylinne estava ao telefone com ela, então me despedi também e segui para minha casa em Senador Canedo. Ao chegar em casa, organizei minhas coisas e fui tomar um banho. Estava frio e ansiava por um banho quente e relaxante. Ajustei o chuveiro na posição de inverno e liguei a água, mas logo percebi que algo estava errado com a ligação elétrica entre o chuveiro e o quadro geral de energia.
Foi então que aconteceu. Enquanto eu tomava banho, a energia falhou e tudo ficou escuro. Houve uma queda de energia. Ao desligar o chuveiro, percebi que a casa estava piscando como uma árvore de Natal. Olhei para o quadro de energia e vi que estava pegando fogo. O desespero tomou conta de mim, afinal, eu estava nu, com a boca cheia de pasta de dente. Liguei imediatamente para o meu tio William em uma chamada de vídeo e mostrei a ele o incêndio que se formava.
Mostrando o estrago do fogo pra Loys |
Estava tão desesperado que até engoli a pasta de dente. Meu tio disse para eu correr e desligar a energia da casa no disjuntor lá fora, no padrão. Saí correndo nu, com a boca cheia de pasta de dente, e desliguei a energia. Meu tio ainda estava na chamada de vídeo e sugeriu que eu jogasse água no fogo. Segui sua orientação e consegui apagar as chamas.
Depois que tudo ficou mais calmo e a casa estava escura, cheia de fumaça e cheiro de queimado, fui dormir com a consciência de que aquele dia não tinha sido nada corriqueiro.
Ótimo texto! Adorei os detalhes de temperatura, sensaçoes etc. Faz imaginar toda a ambientaçao do dia! Btw: amei q aceitou a sugestao do título! Haahah
ResponderExcluir