Somos insubstituíveis?

 Somos insubstituíveis?


Dia 27 de Setembro eu doei sangue


São três horas da manhã de um domingo que mal começou e já me deu vários gatilhos de ansiedade, deitado estou na minha cama cheio de pensamentos invadindo a minha mente, deitei com muita dor de cabeça, joguei bola no ginásio bola na rede com a galera do grupo do futebol de quadra do sábado, conversei com o Victor Fraga sobre marcar um churrasco na semana que vem, início do mês de outubro, tinha conversado no RU com o Cristian Silveira sobre reunir alguns camaradas das antigas pra trocar ideia e beber algo, comer um assado. Tenho prova mais tarde do concurso da Caixa Econômica Federal, vaga para técnico bancário, prova será aqui em Pelotas num colégio que fica na Avenida Duque de Caxias, nem me lembrava mais que tava inscrito pra ele, mas um e-mail da Fundação Cesgranrio me lembrou que a prova tinha sido remarcada por conta das enchentes no Rio Grande do Sul na primeira metade do ano, pois bem, o dia D chegou, e daqui a pouco irei fazer mais essa prova na tentativa de conseguir uma colocação no mercado de trabalho com alguma estabilidade que seja, tem até um meme de um cara que diz: “Faz dez anos que estou dizendo que é só eu me estabilizar que começo a fazer minha coisas”, mas se tem uma coisa que no mundo atual de 2024 não tem é estabilidade, seja ela qual for, estamos em um mundo repleto de incerteza, volatilidade, bem na minha vez de ser adulto, como dizem também as pessoas da minha geração na internet. 


O Coach viajante no tempo


Eu fico pensando se tivéssemos a possibilidade de voltar, sei lá uns 10 anos atrás, pro ano de 2014 e dizer pra nós mesmos daquela época tudo que viria a acontecer, como descreveríamos o mundo atual, e como orientaríamos ao nosso próprio eu do passado pra se preparar pra o futuro que é o que estamos vivendo agora, o mundo em tensões de guerras sem previsão de trégua, avanços alucinantes na ciência, inteligência artificial, facilidade no acesso à informações, ideologias políticas afloraras em discursos separatistas de um grupo contra o outro, não que isso seja novidade no mundo, mas querendo ou não faz parte da fotografia do mundo atual, eu com meus 30 anos vivi a pandemia de corona vírus em 2020/2021 vivi o caos que foram as enchentes no Rio Grande do Sul esse ano de 2024, não como um expectador, mas estava lá no abrigo da prefeitura para pessoas desabrigadas pelas chuvas, trabalhando como voluntário, uma das coisas que me orgulho de ter feito esse ano. Na área acadêmica eu persisto meu sonho de me tornar alguém qualificado, reconhecido, aliás, todos almejam ser reconhecidos, ninguém faz nada pra que seja apenas constado, queremos ver o fruto do nosso trabalho e exibi-lo a todos pra receber alguma massagem no ego. Não sei como o meu eu de 2014 reagiria se eu contasse que estaria fazendo o mestrado em economia aplicada em 10 anos, não sei se eu reagiria feliz ou intrigado por não estar já vivendo as coisas que tanto desejei, acho que eu ficaria feliz de saber que depois de 10 anos eu ainda acredito nos meus sonhos e estou em busca deles. 


Somos como o vento passageiro 


Mas eu penso também em outra coisa, existe também a verdade que sou apenas um cara moldado em uma sociedade desejando a mesma coisa que vários semelhantes a mim, nessa bola azul flutuante em meio ao universo, eu sou uma gota no oceano, um vento passageiro que aparece e vai embora, lembrei da música do PG e do Casting Crowns, eu sou apenas uma rapaz latino americano, um de vários, um de milhões que sonham com a tal estabilidade, sou como um uma mercadoria com código de barras, com meu número de série esperando minha vez de desfrutar um pouco que essa vida e esse mundo tem a oferecer. 


O Caminho do vencedor 


Assisti outro dia a entrevista do meu conterrâneo Fabiano Cambota, vocalista da Banda Pedra Letícia, uma banda que conheci ainda no ensino fundamental, ao canal do Maurício Meirelles no Youtube, ele agora mais Velho, conta como foi a trajetória até aqui e fala das frustrações e boas surpresas na carreira musical que não deslanchou e da carreira humorística que por sua ver lhe rendeu o dito reconhecimento. E no caso talvez a vida seja um pouco disso, somos pessoas errantes tentando seguir um caminho que um dia venderam para nós como sendo o “caminho do vendor”, no meu caso até tive palestras sobre isso na igreja que frequentava, eles ensinavam todo o caminho que deveria ser percorrido por um fiel para chegar até o ponto de ser considerado um modelo a ser seguido por outros como vencedor. 


Deus e as linhas tortas 


Acontece que não teremos todos a mesma sorte de seguir uma trilha semelhante, assim como irmãos criados pelos mesmos país, comendo a mesma comida seguem caminhos diferentes na vida, a trajetória de cada um é individual, ou seja, somos modulados para cumprir um script social, mas como andarilhos errantes, seguimos a nossa própria trilha. Criaram o termo “pessoa padrão” pra descrever aquela pessoa que é o estereótipo do que se espera e se imagina de alguém na sociedade, o padrão de um cara e de uma mulher é adquirirem conhecimentos e boa formação para que formem uma família funcional e procriem filhos e assim fortaleçam a sociedade e sirvam a comunidade com seus bens e habilidades. Mas Deus escreve certo por linhas tortas, e quiçá existem mais linhas tortas do que linhas retas. 


A terra prometida 


Quando eu paro pra pensar em tudo que vivi até agora, e que sou apenas mais um vivendo em busca da terra prometida, lembro que ninguém vai ter a mesma trajetória que eu fiz, porque a combinação de escolhas que fiz é só minha e dos acasos que foram acontecendo. As pessoas que cruzaram meu caminho, as histórias que presenciei, os segredos que guardei os desejos que reprimi durante a minha vida. Lembro também todos os fatores que me trouxeram até aqui formam quem sou eu hoje. Minha vida sem dúvida é uma das linhas tortas de Deus. 

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