A QUEBRA DA QUARTA PAREDE
Adorei a referência ao grupo “Os Melhores do Mundo” — eles realmente fazem esse jogo cênico muito bem, misturando teatro, improviso e humor com metalinguagem.
Vamos destrinchar isso com base em termos artísticos e literários:
1. Quebra da Quarta Parede
Esse é o nome técnico mesmo para o momento em que um personagem "sai" da história e fala diretamente com o público.
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Origem: Vem da ideia de que o palco tem três paredes visíveis (os lados e o fundo), e a quarta seria a parede invisível entre o palco e a plateia. Quando o ator fala diretamente com o público, ele “quebra” essa parede.
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Exemplos famosos: Deadpool, House of Cards, Fleabag.
2. Metalinguagem
É quando uma obra fala sobre si mesma ou sobre o próprio meio de comunicação (teatro falando sobre teatro, filme sobre filmes, etc).
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No teatro: Atores comentando a peça ou sua atuação fazem metalinguagem.
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Na literatura: Um livro em que o narrador comenta o processo de escrita ou a estrutura da história.
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Nos quadrinhos/filmes: Quando o personagem sabe que está numa obra fictícia.
3. Metaficção
Relacionado à metalinguagem, mas mais específico à literatura e narrativa.
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É quando a obra deliberadamente chama atenção para o fato de ser uma ficção, quebrando a ilusão.
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Pode ter vários níveis de narrativa (história dentro de outra história, personagens que sabem que são personagens, etc).
4. Universos Ficcionais / Multiverso
Quando você citou "universo Marvel", "universo do Chaves", etc., você está falando de universos ficcionais compartilhados:
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São conjuntos de obras que compartilham o mesmo mundo, regras, personagens ou cronologia.
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Quando há histórias paralelas, versões alternativas ou dimensões diferentes, aí entramos em multiversos.
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Pode ser também uma forma de antologia, quando são várias histórias diferentes que compartilham um tema, estética ou universo (como a série Black Mirror ou Love, Death & Robots).
5. Intertextualidade
É quando uma obra faz referência a outra obra, estilo ou universo.
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Pode ser sutil (uma citação) ou bem escancarado (paródias, homenagens, universos cruzados).
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Os "Melhores do Mundo", por exemplo, fazem muito uso de intertextualidade com cultura pop e teatro clássico.
Em resumo:
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O que você descreveu nos “Melhores do Mundo” é uma mistura de quebra da quarta parede, metalinguagem e metaficção.
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Quando obras falam de si, ou do seu próprio universo, estamos nesse campo da metalinguagem/metaficção.
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E quando você pensa em “universos” como Marvel ou Chaves, está lidando com universos compartilhados, ficções seriadas ou até multiversos.
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“Antologia” se aplica mais quando há várias histórias independentes, mas com uma ligação temática ou formal, nem sempre no mesmo universo.
Ótima observação 😃
ResponderExcluirQue obra, um poeta pensador, um filósofo
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