Enquanto o Tempo Me Lê
16 de julho de 2025 A segunda metade do ano já começou — e com ela, a constatação inevitável de que entrei, sem pedir licença, na vida adulta. Tenho trinta e um anos. Sou um homem dos chamados “30+”. E o mais curioso? Já me chamam de “senhor”. Às vezes, por pessoas que nem parecem tão mais novas assim. Confesso que sinto um misto de orgulho e estranheza. Na minha cabeça, ainda sou aquele rapaz meio cru, que se perde em pensamentos longos e sonha com o que poderia ser. Mas a verdade é que boa parte das novidades da vida já passou. Hoje, me percebo mais calejado — especialmente no trato com os outros. Conviver, interpretar ambientes, entender pessoas... Talvez esse seja o meu "superpoder": um desconfiômetro aguçado, que me lembra constantemente que ninguém virá me resgatar — e, ao contrário, muitos esperam algo de mim. Sou de uma geração única. Filho da década de 90, cresci numa ponte entre eras. Na infância, era quase a idade da pedra: brincadeiras na rua, ficha no ore...